“O que está havendo é um desrespeito total à população”, afirma anestesista

Atenta à efetivação do direito à saúde, a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, colocou em debate nesta terça-feira, 7, a realidade e o futuro da Maternidade Leonor Barreto Franco. Localizada em Capela, a unidade é gerida pela Fundação Hospitalar de Saúde e está ameaçada de fechamento nesta sexta-feira, 10. Desde 2016, a OAB/SE busca soluções contra a medida.

Na ocasião, o anestesista, Roberto Melara, afirmou que a população sergipana está sendo gravemente desrespeitada. “Eu trabalho há 35 anos na área de saúde e sei que todo o nosso interior tinha um funcionamento de maternidades. O que está acontecendo em Capela é um desrespeito total à população. A maternidade é importante para todo o Estado”.

Para o representante do Conselho Regional de Medicina, José Eduardo de Assis Silva, diante da realidade de que Sergipe é um dos estados com maior índice de mortalidade infantil e de sífilis congênita, é vital investir na saúde da mulher. “O Conselho é contra todo desinvestimento e toda tentativa de redução de leito que provoque desassistência à sociedade”, defendeu.

Segundo a secretária municipal da saúde de Capela, Marilene Dória da Fonseca, em 2013, a unidade realizava em média de 280 a 300 partos mensais, fora outros procedimentos, e, em dezembro do ano passado, só foram realizados 25 partos normais e 18 cesáreas. De acordo com ela, o intuito da Secretaria é de manter e melhorar o funcionamento da maternidade.

“Hoje, a maternidade funciona com deficiência. Com essa audiência pública, nós resgatamos uma nova esperança de manter a unidade funcionando bem e plenamente, com todos os plantonistas e dando o atendimento necessário às mulheres da região”, afirmou a secretária.

Para a secretária-geral da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SE, Robéria Silva Santos, a audiência foi positiva pela possibilidade de ouvir e discutir propostas para que a maternidade se mantenha. “A construção da Comissão em Defesa da Maternidade Leonor Barreto foi um resultado muito bom da audiência. Queremos que a maternidade fique funcionando, mas, em melhores condições”.

Nesta quinta-feira, 9, a Comissão, formada pelo Conselho Regional de Enfermagem, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE, pelo Conselho Regional de Medicina, pelos vereadores dos municípios da Região, pela sociedade Médica de Pediatria, pela Sociedade Médica de Ginecologia e se reunirá para elaborar um parecer que será entregue, ainda no mês de fevereiro, ao Ministério Público, à Fundação Hospitalar de Saúde e à Secretaria do Estado da Saúde.