OAB vê descaso do Governo na tragédia em Nossa Senhora das Dores

Um dia após a tragédia que aconteceu na Escola Municipal Professor Osman dos Santos Oliveira, no povoado Campo Grande, em Nossa Senhora das Dores, nenhuma informação concreta sobre o que realmente ocasionou o desabamento da caixa d’água foi divulgada. O acidente tirou a vida de Gilvan Manoel Porto Santos e Cícera Nicoli Pereira Santos, ambas com seis anos de idade e feriu 18 pessoas, sendo 11 crianças e sete adultos.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, a queda da caixa d’água não foi um simples acidente, mas uma tragédia avisada, inclusive, pela própria comunidade. “Essa tragédia, que matou duas crianças, não foi um simples acidente, e sim um gravíssimo descaso culposo do Governo. Há muito tempo que os trabalhadores da DESO estão submetidos a condições precárias de trabalho em vários municípios do Estado, correndo, inclusive, sérios riscos de morte. Revoltante!”, protestou o presidente da OAB-SE, Henri Clay Andrade.

O presidente chama atenção para o fato de que o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Purificação e Distribuição de Água e Serviços de Esgotos de Sergipe (SINDISAN) informou que já tinha feito diversos alertas à DESO, após as visitas rotineiras que realizada nas regionais. “A Companhia simplesmente ignorou esses alertas, o que é lamentável”, disse.

A Prefeitura de Dores, através do próprio prefeito (Thiago Souza), também confirmou publicamente que já havia encaminhado ofício à DESO sobre as condições precárias da caixa d’água, mas que a Companhia, de forma estranha, respondeu ao ofício dizendo que aquele reservatório não era de sua responsabilidade. “Total negligência. Como se justificar diante das famílias que choram a perda de suas crianças inocentes? Não há desculpas para tamanho descaso”, garante Henri Clay.

“A OAB acompanhará de perto as investigações por parte da Polícia Civil. Ao final, não podemos admitir que não se apontem os responsáveis, porque eles existem, e negligenciaram há anos o risco que submeteram crianças, professores, funcionários e a comunidade em geral. A perda trágica de duas vidas não pode ficar impune”, afirmou o presidente da Ordem.