Workshop Advocacia 4.0 levanta discussões sobre tecnologia e desempenho advocatício em Sergipe

Pensando em incentivar a capacitação e o crescimento profissional da advocacia do Estado, a Comissão de Direito Digital, Inovação e Tecnologia da Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, trouxe para três cidades o Workshop “Advocacia 4.0: descubra as 4 técnicas que irão transformar a sua atuação”. O curso abordou a relação entre a evolução tecnológica e desenvolvimento das habilidades da classe.

Durante o primeiro ciclo de edições, o Workshop foi apresentado, no dia 2 de agosto, no município de Lagarto. No dia 8, em Aracaju, e no dia 13, em Estância. O intuito é de que a capacitação percorra mais regionais da OAB/SE em breve.

Os palestrantes abordaram, em todas as edições, quatro principais temas utilizados como ferramentas importantes no desempenho advocatício: a automação, apresentando dicas e práticas para aumento da produtividade; a oratória, discutindo a importância da comunicação e discorrendo técnicas de conversação com públicos distintos; a estruturação, explanando sobre o registro de sociedades de advogados; e a performance, falando sobre o autodesempenho e as características da inteligência emocional.

Performance

Tatiane Goldhar, especialista em coaching – mestre em Direito Civil e conselheira seccional da entidade – introduziu o tema da performance na advocacia. Em sua fala, expôs a importância de preparar o advogado para ter um autodesempenho no atual contexto do mercado jurídico, os aspectos de inteligência emocional para o profissional e a necessidade de desenvolvimento de competências emocionais e sociais.

Segundo Tatiane, o círculo de convivência e o âmbito profissional do advogado demandam outras habilidades além do conhecimento jurídico. “A gente precisa encontrar essas habilidades nos profissionais, desenvolvê-las, potencializá-las e, também, trabalhar os vícios: de comunicação, de falta de atenção, vícios no relacionamento, englobando toda a questão da melhoria do desempenho do advogado”, afirma.

Oratória

Entre aconselhamentos para melhorias de uma das mais importantes características no exercício do advogado, Norman Araújo – secretário-geral da Comissão de Direito Digital, Inovação e Tecnologia da OAB/SE e estudioso das potencialidades do cérebro humano – abordou a oratória jurídica e a importância da comunicação no trabalho da classe. Seu intuito foi a desmistificação das práticas de conversação, uma vez que é comum o costume dos advogados de lidar com a oratória clássica, quando as demandas atuais pedem um vocabulário diferente no diálogo com o cliente.

Para Norman, a conversa técnica é efetiva entre iguais, mas na relação entre advogado e cliente essa conversa precisa ser facilitada. Assim, foram demonstrados desde o melhor uso do vocabulário, da entonação, da intensidade, até o momento de aumentar ou desacelerar a velocidade da fala para prender a atenção do cliente.

“A presunção da boa oratória e da boa comunicação é que a parte receptora entenda a mensagem que você realmente quer passar. Então, é a clareza na comunicação para que a pessoa possa entender exatamente aquilo que você quer que ela entenda”, explica Norman, destacando os benefícios de buscar a melhoria da oratória.

Estruturação

Para falar sobre estruturação, David Garcez – presidente da Comissão de Sociedade de Advogados da OAB/SE e conselheiro seccional da Ordem – compartilhou a experiência sobre a importância do registro de sociedades para o sucesso profissional dos advogados. Em sua palestra, Garcez informou que o primeiro passo para a firmação desse acordo é garantir que a sociedade seja firmada pela OAB.

“A Ordem dos Advogados indica desde o perfil em que o advogado deve se enquadrar para ter uma sociedade até a regularidade dos termos de contrato social”, explicou. Dessa maneira, foram apresentadas no curso as categorias de sociedade possíveis para serem instituídas entre os atuantes na advocacia. A explanação perpassou a sociedade plurissocial, a sociedade unipessoal e as diversas ferramentas que a OAB tem para que o advogado possa desenvolver plenamente o seu trabalho e que a questão social seja resolvida para a atuação adequada do advogado nos fóruns e tribunais.

Segundo o palestrante, apesar de ser possível exercer a profissão autonomamente, o registro de sociedade é obrigatório quando se advoga em grupo e trabalha-se em nome de uma marca. “É até uma situação curiosa, porque os registros de sociedade são registrados na OAB. A Ordem atua como cartório que arquiva todos os registros, ao contrário das empresas, em que a junta comercial fica responsável por cartoriar todos os documentos”, explica David Garcez.

Mais um tópico importante da palestra foi a compreensão de que objeto social de uma sociedade de advogados é a atividade advocatícia. O advogado, portanto, não é permitido desenvolver uma atividade mercantil. “Outra característica é que uma sociedade de advogados tem é que o advogado não pode ter nenhum problema ou incompatibilidade com a ordem. Então, se ele tem um processo disciplinar e está suspenso, ele não pode tentar firmar um registro de sociedade. Ele está impedido”, afirma o palestrante.

Automação

Na busca da otimização e na maior eficiência dos serviços dos advogados, Milla Cerqueira – especialista em empreendedorismo jurídico e presidente da Comissão de Direito Digital, Inovação e Tecnologia da OAB – focou sua palestra na automação e alta performance na produtividade. Em seu discurso, Milla entregou dicas de como ganhar mais tempo na realização dos trabalhos e, consequentemente, torná-los mais lucrativos.

Ao entender que a hiperconectividade presente nas relações humanas atuais pode trazer benefícios e malefícios para o comportamento dos advogados, a ministrante mostra quais as melhores maneiras de utilizar a tecnologia para organizar e automatizar essa execução. Segundo Milla, a necessidade do profissional de Direito de lidar com muitos e-mails, com notificação de WhatsApp, clientes com demandas concomitantes pode ser conciliada de uma maneira madura e resolutiva a partir da boa organização em meio à velocidade da tecnologia. Assim, utilizar sistemas financeiros e jurídicos para automatizar processos, prazos e calendários ordenam a rotina do advogado.

“Outra ferramenta, por exemplo, é desligar a notificação do aparelho celular. É uma dica muito forte de produtividade. Outra coisa é que nesse mundo digital a gente recebe muito conteúdo, tem muita coisa boa no YouTube. Nos vídeos, pessoas falam mais rápido e outras mais devagar. E, existem programas e aplicativos que conseguem acelerar, aumentar a velocidade. Então, isso já é uma outra ferramenta pra o advogado de, no lugar de assistir um vídeo de 30 minutos, assistir o mesmo vídeo em 15 minutos”.