“Enquanto existir desigualdade na esfera privada, haverá teto de vidro na advocacia”, afirma palestrante

No sexto painel da IX Conferência Estadual da Advocacia Sergipana, os desafios femininos na classe foram os motes da palestra da advogada e autora do livro “Mulheres na Advocacia: padrões masculinos de carreira ou teto de vidro?”, Patrícia Tuma Martins Bertolin.

Em uma palestra sobre a obra, Patrícia Bertolin, através da observação de um processo de segregação vertical na advocacia, fez a relação entre o surgimento da classe, uma profissão originalmente pensada para ser exercida por homens, e os desafios da advocacia feminina.

Segundo a autora, os desafios decorrem, em geral, do machismo e do patriarcado arraigado na sociedade brasileira. “As mulheres sofrem mais assédio, encontram problemas para ingressar e principalmente ascender na profissão, entre outras questões”, afirma.

Patrícia abordou a falsa neutralidade dos processos de seleção e promoção; o modelo de delegação; a retenção das mulheres como um problema; a evasão em massa das advogadas; a feminilização da advocacia; o tratamento desigual devido à maternidade; etc.

Para ela, é necessário enfrentar, com políticas efetivas, a evasão das mulheres advogadas e a não ascensão em grande número. “Os escritórios perdem advogadas em razão de não terem políticas específicas para mulheres com responsabilidades familiares”, considera.

“A carreira foi pensada, no passado, para homens que tinham esposa em casa, permitindo que se dedicassem integralmente ao escritório. Até que, de fato, haja o compartilhamento das responsabilidades familiares, é preciso que a carreira se ajuste a isso”, defende.

“Atualmente, ainda que a mulher seja tão provedora quanto o homem, as atribuições domésticas não deixaran de ser prioritariamente da mulher. Enquanto nós não revertemos essa desigualdade na esfera privada, a mulher encontrará teto de vidro na advocacia”, disse.

“Teto de vidro” vem do inglês “glassceiling”, que significa que as mulheres encontram um limite invisível à sua ascensão profissional.

Fizeram parte da mesa e defenderam a equidade de gênero como uma luta da humanidade, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Adélia Pessoa; a conselheira seccional, Niully Campos; e a vice-presidente da Comissão da Jovem Advocacia, Ercília Garcez.