OAB/SE realiza Fórum de Direito Médico e Saúde sobre vida, doença e prevenção ao suicídio

A Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe (OAB/SE), por meio da Comissão de Direito Médico e Saúde, juntamente com o Conselho Regional de Psicologia, realizou nesta quarta-feira, 25, o Fórum de Direito Médico “Saúde Mental: vida, doença e prevenção ao suicídio”.

O evento foi realizado no Plenário da seccional e contou com a participação de membros da comissão e representantes da Defensoria Pública de Sergipe, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), do Conselho Regional de Psicologia e da Associação Sergipana de Psiquiatria.

O Fórum foi aberto pela presidente da Comissão de Direito Médico e Saúde, Clarissa Marques Santos França, que na oportunidade ressaltou que o evento foi alusivo ao Setembro Amarelo, campanha de conscientização de prevenção ao suicídio.

“O Fórum é importante por abordar a temática da saúde mental com foco nas políticas implementadas para de prevenção do adoecimento. Identificamos a necessidade de fazer uma análise da política pública no Estado de Sergipe, e, assim, o que verificamos foi a fragilidade da rede atualmente, decorrente da desestruturação dos CAPS e dos demais equipamentos de assistência que deveriam atender as pessoas com transtornos mentais e suas famílias”, considerou.

O evento contou com vários palestrantes, entre eles, o defensor público Saulo Lamartine Macedo, o psicólogo Pedro A. dos Santos Filho, o médico psiquiatra, Antônio Joviniano Santana de Aragão, vice-presidente da Associação Sergipana de Psiquiatria, e Renata Roriz, Referência Técnica em Gestão da Rede de Atenção Psicossocial Conta Comigo da Secretaria de Estado da Saúde.

O defensor público, Saulo Lamartine Macedo, falou sobre o Plano de Saúde Mental do Ministério da Saúde (MS). Durante a exposição ele contextualizou o aspecto histórico da substituição do regime de tratamento nos hospitais psiquiátricos para um modelo de atenção comunitária instituída pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Saulo Lamartine pontuou como se encontra a situação de atenção psicossocial no Estado de Sergipe. De acordo com o defensor público, a política legislativa traçada pelo MS propicia o enaltecimento dos direitos dos pacientes psiquiátricos, no entanto, a política não foi acompanhada da estruturação dos CAPS, que são a principal porta de entrada.

“Aqui no Estado a estruturação humana dos CAPS ainda fica a desejar, por isso acaba por haver superlotação dos hospitais onde se encontram os leitos gerais e por consequência redonda nos pedidos de internação em hospitais psiquiátricos, passando a ser na realidade uma modalidade residual”, afirmou.

Ele destacou a importância da abordagem do tema pela OAB/SE. “Esse evento é de grande importância porque traz para a discussão a problemática e traduz em hipóteses de solucionar os problemas atualmente existentes seja através da implementação de recursos humanos necessários seja através de outras medidas inovadoras que venham no momento de crise suprir essas necessidades”, enfatizou.

Em sua palestra, Renata Roriz, referência técnica em Gestão da Rede de Atenção Psicossocial Conta Comigo da Secretaria de Estado da Saúde, apresentou os objetivos e ações da rede, ressaltando a importância de dar o primeiro passo em busca de tratamento. “O ‘Conta Comigo’ é uma forma de dialogar com as pessoas e mostrá-las qual deve ser o primeiro passo quando elas percebam nelas ou em alguém próximo sinais e sintomas de sofrimento emocional”.

“Quando temos uma dor de dente nós procuramos um dentista. E quando estamos sofrendo? Ou quando temos um filho que não quer ir para escola, que está cometendo automutilação ou fazendo uso abusivo de drogas, por exemplo? As pessoas estão adoecidas. Tratam-se de doenças crônicas que possuem tratamento. A campanha e a rede possuem o intuito de informar as pessoas o primeiro passo: procurar a unidade de saúde mais próxima”, disse Renata.

O médico psiquiatra, Antônio Joviniano Santana de Aragão, abordou em sua explanação as principais distinções entre depressão e tristeza, ponderando a importância de identificar para avaliar o risco e pensar sobre o tratamento. Segundo o especialista, é preciso analisar aspectos como duração, intensidade e sintomas como diminuição de energia e alteração do apetite.

“Tristeza tem uma duração menor, dura por volta de duas semanas. Acima disso, temos que pensar em depressão. Outra coisa é em relação à intensidade dos sintomas: a tristeza é passageira, é influenciável por outros fatores externos; mas na depressão pode acontecer algo alegre e a pessoa continua sentindo-se deprimida. Além de vários sintomas, como alteração do sono e do apetite; diminuição de energia; lentificação da cognição; etc”, explicou.

Por fim, o representante do Conselho Regional de Psicologia, Pedro A. dos Santos Filho, trouxe uma luz de esperança, demonstrando a efetividade e eficácias de políticas de prevenção simples realizadas pelo CRP, que reduziram em 60% o número de suicídios numa cidade do interior do Estado.