População LGBTQIA+ e cristianismos são abordados em III Seminário Relações de Gênero, Religiões e Direitos Humanos

Promovido nesta terça-feira, 22, de forma virtual, o III Seminário Relações de Gênero, Religiões e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil colocou em análise e debate aspectos e motes sobre as relações de gênero, o público LGBTQIA+, os cristianismos, a fé e o afeto.

Na primeira etapa das explanações, Ciani Sueli das Neves, especialista em direitos humanos, fez uma análise sobre a disputa de narrativas relativas a direitos humanos; e Marina Correa, mestre em ciências da religião, palestrou sobre motes relativos a mulheres e aos cristianismos.

(Confira aqui a matéria sobre as primeiras palestras)

O segundo ciclo de palestras do evento contou com as explanações de Alexandre de Jesus, doutor em sociologia, que abordou as reações de gêneros e os cristianismos; e Mario Leony, diretor da RENOSP, que falou sobre a fé o e afeto sob as perspectivas da população LGBTQIA+.

Alexandre de Jesus, mestre em ciências da religião e bacharel em teologia, analisou a origem e a história dos cristianismos em países do ocidente, ponderando a influência das igrejas cristãs sobre a cultura de povos e relembrando narrativas mitológicas advindas do texto sagrado.

“É preciso pensar a partir do processo de formação do monoteísmo judaico e como isso vai se configurando no texto sagrado do antigo testamento para depois pensarmos como certas questões deste texto são interpretadas e impactam em questões que ainda ocorrem”, disse.

“Não é que o cristianismo produziu o sexismo, que ainda está presente na sociedade ocidental, mas há de fato uma relação dialética. A religião estabelece e reforça essa relação a partir do momento que traz esse segmento para seu interior – desde as próprias escrituras sagradas”.

Em seguida, Mario de Carvalho Leony, especialista em ciências criminais e diretor da Rede Nacional de Segurança Pública LGBTI (RNOESP), falou sobre a fé e o afeto sob as perspectivas da população LGBTQIA+, lamentando o desrespeito a gêneros, orientações e à individualidade.

“Agora que estamos no setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio, precisamos saber a importância de discutir esses temas. Os jovens LGBT tem 5x mais chances de colocar em prática o suicídio. E quando a gente fala de LGBTfobia, não há como não ver o religiosismo”.

“Somos ocidentais, herdeiros da tradição hebraica. Os hebreus eram nômades em um cenário de hostilidade no qual pregava-se a ordem do ‘crescei e se multiplicai’. O desperdício do sêmen era um crime hediondo e até hoje vemos muitos mitos relacionados a isso”, abalizou.

Ao fim, o presidente da Comissão, Douglas Costa, também pontuou sobre o tema alarmante: o suicídio da população LGBTQIA+. “A internalização desse discurso que demoniza o afeto é algo que a gente precisa de fato falar – principalmente quando se fala de direitos humanos”.

“O evento de hoje contou com verdadeiras aulas construtivas e participativas, nas quais pudemos sair agraciados e enriquecidos. Agradeço a todos os palestrantes e participantes. Tenho certeza que foi muito produtivo para todos nós”, considerou o presidente da Comissão.