Pelo fim da violência contra a mulher: “nós não queremos proteção, nós queremos respeito”

Em todo o mundo, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde – OMS, uma em cada cinco mulheres com menos de 18 anos já foi vítima de estupro ou de abuso sexual. Em uma roda de conversa, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe – OAB/SE, /SE, colocou em discussão nesta quinta-feira, 9, os desafios atuais da violência sexual contra a mulher.

Em busca da concretização da cidadania e da equidade de gênero, representantes da entidade, de órgãos públicos sergipanos e da sociedade civil organizada colocaram em debate propostas de ações que garantam o respeito e a proteção aos direitos da mulher. Para tanto, o encontro abordou a necessidade da sensibilização e da capacitação permanente da população.

Além disso, a roda de conversa discutiu a missão dos operadores de Direito contra a violência de gênero e reafirmou a luta contra a opressão e o combate pela desconstrução de papéis de gênero. Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE, Adélia Moreira Pessoa, o aumento da pena para os crimes de estupro não resolve o problema.

“O aumento de pena não vai mudar a situação. É uma balela modificar a lei, já que o estupro já é um crime hediondo. A nossa cultura ensina ao homem a ser viril, agressivo. Contra isso, nós precisamos de educação; nós precisamos de melhor atendimento nos serviços de saúde; nós precisamos discutir: isso é uma pandemia e nós não vamos deixar para amanhã”, asseverou.

Para a coordenadora do Programa de Saúde da Mulher de Aracaju, Cristiane Ludmila Borges, o sentimento diante de tantos casos brutais é, muitas vezes, de impotência. “Conheci o caso de uma garota de 16 anos que não conseguia progredir com o tratamento de sífilis porque toda vez que visitava o seu marido, no presídio, era violentada para pagar as dívidas dele na prisão”.

Presente à roda, a vice-presidente da Comissão da Infância, Adolescência e Juventude da OAB/SE, Acácia Gardênea Santos Lelis, afirmou que as mulheres querem ser tratadas como seres humanos com voz. “A mulher não é vulnerável. Nós não queremos superioridade ao homem e nós não queremos proteção, nós queremos respeito e direitos iguais”, afirmou.