Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher realiza encontro sobre pesquisa de gênero

A participação da mulher nos espaços de poder, as formas organizativas e o exercício de liderança no Brasil foram os temas do XIII Encontro do Fórum de Pesquisa de Gênero, realizado nesta terça-feira, 22, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe.

O evento abordou a pesquisa objeto da dissertação de mestrado “Lentes de gênero sobre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede oficial de Ensino de Sergipe”. No encontro, a autora da pesquisa, Adenilde de Souza Dantas, professora e integrante do Fórum Municipal de Educação, apresentou os objetivos, a metodologia e as conclusões de seu trabalho.

De acordo com ela, a dissertação buscou analisar e dar visibilidade às relações de gênero dentro do sindicato. “No estudo faço uma análise de gênero sobre o SINTESE observando como se constrói a identidade dos professores que compõem a organização. O trabalho propõe também a refletir sobre as experiências das mulheres no sindicato, destacando os caminhos e trajetórias diferentes que foram, historicamente e socialmente, instituídos para as mulheres”, explica a professora.

Segundo Adenilde, ainda que o sindicalismo docente seja composto por um número maior de mulheres, a participação feminina nos cargos de decisão ainda é muito pequena. “Na pesquisa observamos que, mesmo em uma organização sindical com predominância feminina, dentro do sindicato a voz masculina continua prevalecendo. A partir desta constatação, aponto alguns caminhos que o Sintese pode seguir no sentindo de incorporar o tema do gênero em seu dia a dia, visto que o sindicato possui um discurso voltado para a igualdade, mas ainda não conseguiu colocá-lo em prática”, ressaltou.

Para a presidente da Comissão, Adélia Moreira Pessoa, o cenário é o mesmo na advocacia brasileira. “A mulher advogada também sente essa situação quando verifica que, apesar de estar praticamente em um mesmo número que o homem advogado, ainda ocupa pouco espaço de poder, nas esferas de decisão. As mulheres querem participar, atuar, votar e serem votadas”.

Adélia Pessoa enfatizou ainda que a OAB em Sergipe já avançou muito, na atual gestão, com a eleição de uma chapa paritária, de forma equitativa entre homens e mulheres. “Isso foi muito positivo. Mas nós mulheres, não podemos aceitar, em qualquer situação, em qualquer espaço, justificativas e desculpas que impeçam nossa busca por igualdade”.

A presidente frisou que as mulheres estão preparadas para assumir os cargos de liderança e de decisão nas mais diversas esferas da sociedade. “As mulheres hoje se sentem em condições de disputar espaços não só no mundo político partidário, mas nos sindicatos, na OAB e em tantos outros ambientes. O que queremos é o exercício real da cidadania, com a participação ativa da mulher nos espaços de poder. É importante que tenhamos metade da mesa, que a nossa voz seja ouvida. Se nós estamos chegando a uma quantidade igualitária na advocacia, onde já temos uma presença mais forte acima dos 40 anos, não há razão para que as mulheres fiquem de fora dos ambientes de decisão na OAB e em qualquer espaço da sociedade”, pontuou Adélia.

Além de fomentar o debate sobre as questões de gênero, o Encontro do Fórum tem o objetivo de promover a apresentação de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, e trabalhos de conclusão de curso (TCC’s), além de outras pesquisas sobre a temática de gênero e dos direitos das mulheres, socializando o conhecimento.

Presente ao evento, a estudante de Direito na Universidade Tiradentes e aluna de Cinema na Universidade Federal de Sergipe, Isabela Nascimento Oliveira da Silva, considera o encontro essencial na luta a favor do empoderamento feminino, tendo em vista que é necessário o cultivo de uma prática diária transformadora, dentro e fora das instituições.

“É muito importante que exista dentro das entidades um trabalho dedicado à reflexão sobre a questão do gênero e a posição da mulher dentro da sociedade. Eventos como esse são necessários para que possamos conhecer as pesquisas acadêmicas e observar os avanços que estão acontecendo na análise do tema. Os debates gerados em encontros como esse contribuem para o nosso aprendizado a respeito do assunto, fazendo com que sejamos multiplicadoras da igualdade de gênero e responsáveis por provocar uma mudança no contexto social de aceitação da mulher e no fortalecimento do empoderamento feminino”, disse Isabela Nascimento.