Sessão Especial da OAB/SE presta homenagem ao centenário de Osório de Araújo Ramos

Na noite desta terça-feira, 24, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe, realizou sessão especial para celebrar o centenário do ex-presidente da OAB/SE, Osório de Araújo Ramos, que se estivesse vivo teria completado 100 anos no último dia 22 de abril.

Ao dar início à sessão, o presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, enfatizou que a Ordem possui força, inserção social e credibilidade, porque tem história e tradição. “Esta é a consagração do legado de Osório de Araújo Ramos enquanto homem, cidadão, pai, advogado e magistrado. É um momento de júbilo para nossa instituição”, afirmou Henri Clay.

Para o presidente, a dedicação e a obstinação foram marcas da passagem de Osório pela Seccional, entidade que dirigiu em uma época de prevalência do Estado de Exceção. “Ser dirigente da Ordem, conhecida por sua vocação de luta pela democracia, neste período foi uma tarefa hercúlea. Que exigiu, além de coragem, determinação e firmeza, a arte da ponderação e da cautela”, considerou Henri Clay, complementando.

“Essa atuação sempre firme, sem máculas e que honrou as tradições de nossa instituição, não poderia deixar de ser celebrada pela OAB no mês em que comemoramos o seu centenário”, finalizou o presidente.

Desembargador e filho do homenageado, Osório de Araújo Ramos Filho, demonstrou gratidão pela realização da sessão especial, que julgou como ápice dos tributos relacionados ao centenário do seu genitor, e afirmou que o pai tinha um apreço e carinho imenso pela OAB. “Considero a gratidão uma das mais destacadas virtudes do ser humano, que representa o reconhecimento de alguém pelas obras e atitudes realizadas em prol de pessoas, ideias e instituições”.

Osório Filho ressaltou que a estatura baixa e a hipercifose, que adotará quando criança, não foram motivo de vergonha para seu pai e nem o impediram de se tornar um jurista de renome, entre os grandes de sua época.

“Foi um homem bom, íntegro, capaz, com uma visão social aguçada, voltada para as classes sociais menos favorecidas e dono de um grande coração. Um pai exemplar, carinhoso, inteligente”, finalizou o desembargador ao recordar que seu genitor acreditava no conhecimento como força alavancadora para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Homem de Coragem

O secretário-geral da OAB/SE, Aurélio Belém, frisou que os feitos de Osório conferiram ao jurista lugar de destaque na memória dos sergipanos. “Alguns reputam a história como cruel, mas eu a entendo como uma memória seletiva, que se encarrega de condenar os maus, esquecer os insossos e eternizar os bons. Osório Ramos foi um jurista selecionado pela história, uma pessoa à frente do seu tempo. Com uma trajetória de vida repleta por realizações e exemplos”.

A advogada Adélia Moreira Pessoa, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE, representou a Academia Sergipana de Letras Jurídicas, entidade que preside e na qual o saudoso jurista ocupou a cadeira de número 26. “Osório foi um ser humano de múltiplas dimensões”, disse Adélia, continuando.

“Era um profissional dedicado, sempre demonstrava a sua sensibilidade social e compromisso com as transformações necessárias”, concluiu a presidente, pontuando que Osório nunca deixou de atuar de forma crítica e corajosa.

Em seguida, o ex-presidente da OAB/SE, professor e político sergipano, Gilton Garcia, falou sobre o vínculo de amizade construído com Osório e sua família ao longo de sua vida, relembrando que ele o incentivou a participar do pleito para dirigente da Ordem e militou ao seu lado por anos.

De acordo com Gilton, o jurista era um homem educado, mas de posições firmes. Que mantinha o seu ponto de vista, onde quer que estivesse. “Osório foi um homem que se comportou de modo digno, honesto e ético dentro da magistratura e, como advogado, era um homem que não temia as contendas”.

Além dos advogados, familiares, filhos, netos e bisnetos do homenageado, prestigiaram a solenidade, os Desembargadores Luiz Mendonça e Edson Ulisses de Melo; o Procurador do Município de Aracaju e Desembargador aposentado, Netônio Bezerra Machado; e a Procuradora de Justiça, Maria Cristina Foz Mendonça.

Biografia

O Juiz de Direito Osório de Araújo Ramos nasceu em Aracaju, em 22 de abril de 1918, e faleceu em 26 de junho de 1986. Iniciou a vida pública como Exator Estadual, em Campo do Brito. Foi Diretor do Montepio do Estado de Sergipe, hoje IPES e do Tesouro do Estado de Sergipe.

Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Sergipe, na 1ª Turma, em 1955 e ingressou na Magistratura mediante concurso público, sendo nomeado Juiz de Direito da então Comarca de Riachão do Dantas.

Após ser promovido por merecimento para as Comarcas de Lagarto e Estância, o Juiz Osório de Araújo Ramos aposentou-se em 1968, mas continuou a exercer a advocacia militante.

Na OAB/SE ocupou os cargos de presidente, nos anos de 1979 e 1982, de diretor-tesoureiro e secretário-geral, sendo ainda um dos fundadores e primeiro presidente da Caixa de Assistência dos Advogados (CAASE).

Osório também foi Secretário de Finanças do Município de Aracaju, na administração de Aloísio Campos.