Em audiência pública, OAB/SE defende participação efetiva da mulher no cenário político brasileiro

Com objetivo de incentivar a presença feminina nos espaços poder, a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, através da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, promoveu na noite desta terça-feira, 05, a audiência pública “Mulher na Luta é tempo de Ação. Participação efetiva da Mulher no cenário Político Brasileiro”.

A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Adélia Pessoa, iniciou a audiência pontuando que as mulheres estão cada dia mais qualificadas e se destacam em diversas áreas, a exemplo da pesquisa, mas questionou as causas da tímida presença feminina em cargos eletivos.

“Em Aracaju, 56% do eleitorado é feminino, mas temos apenas duas vereadoras e, em Sergipe, quatro deputadas estaduais, entre 24 parlamentares. Na Câmara Federal, a realidade é ainda mais grave, pois não há nenhuma representante sergipana. E porque será que as mulheres não ocupam esses espaços, apesar de serem maioria no eleitorado?”, indagou.

Vice-presidente da Comissão, Valdilene Martins frisou que a luta das mulheres é por equidade, por um sistema político legitimamente representativo e democrático. “Não queremos inversão de soberania. Queremos apenas ocupar o lugar que é nosso por direito”.

Secretária-adjunta da OAB/SE, Maria da Purificação Andrade, ressaltou relevância do encontro. “Acredito que muitas mulheres ainda se sentem inseguras quando pensam em concorrer a um mandato eletivo. Eventos como esse são fundamentais para mostrar a essas mulheres que elas são capazes, que podem atuar na política, fazer parte dos ambientes de decisão”.

Tribunal Eleitoral

De acordo com a procuradora Regional Eleitoral de Sergipe, Eunice Dantas, o Supremo Tribunal Federal determinou que os partidos políticos destinem no mínimo 30% dos recursos do fundo partidário as candidaturas femininas. Uma medida que, na visão da procuradora, é positiva desde que seja assegurada a sua efetividade.

“Sabemos que inúmeras são as barreiras impostas as mulheres que escolhem disputar um cargo eletivo, entre elas o machismo. Mas precisamos ir à luta, porque quem irá defender nossos diretos se não nós mesmas? A participação da mulher na política é necessária e importante na promoção da igualdade de gênero”, ponderou Eunice.

A juíza do Tribunal Regional Eleitoral, Dauquíria de Melo, destacou que as mulheres não podem continuar emprestando seus nomes para cumprir as cotas dos partidos. “Nós demoramos tanto para conseguir o direito ao voto, não é justo deixar de ocupar os espaços de poder. Devemos nos fazer presentes, se não participando ativamente, à frente de um cargo, estimulando outras mulheres a ingressarem neste cenário”.

Legislativo Sergipano

Defensora Pública e vereadora, Emília Correia, falou sobre sua atuação enquanto parlamentar e enalteceu a importância da sororidade, de incentivar a união e o respeito entre as mulheres. “Sofremos discriminação de gênero, temos nosso discurso interrompido e quando somos firmes em um posicionamento, nos intitulam de desequilibradas. Praticar a sororidade nos fará fortes na política e todos os espaços da sociedade”, considerou.

A vereadora Kitty Lima reforçou que muitos são os desafios da carreira política. “Ainda somos poucas, é um ambiente difícil e, assim como em diversos setores sociais, sentimos o peso do machismo em nosso dia a dia. Necessitamos de mais mulheres na política, trabalhando juntas para que sejamos ouvidas”.

Ao fazer uso da fala, a deputada estadual Gorreti Reis afirmou que as mudanças sociais só acontecerão quando homens e mulheres tiverem equidade nos espaços de decisão. “Precisamos falar sobre a necessidade da inserção de mais mulheres nas esferas municipal, estadual e federal. É preciso que tenhamos maior representatividade”, ressaltou Goretti que também citou a atuação da Frente e a implantação da Procuradoria da Mulher na Assembleia.

Pré-candidatas

Membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e pré-candidata a deputada estadual, Niully Campos, salientou que a vida o sexo feminino é tolhido dos espaços públicos. Segundo Niully, é urgente trabalhar a conscientização das mulheres sobre a importância da atuação na política, bem com reinventar os partidos, oportunizando que cargos de direção sejam preenchidos por mulheres. “Precisamos participar da política e sermos protagonistas de nossas próprias lutas. Devemos exercer, sobretudo, nosso direito de ser votada”.

Pré-candidata a deputada estadual e mulher trans, Linda Brazil, enfatizou a necessidade de se discutir a representatividade na busca por participação feminina efetiva no cenário político. “De que mulher estamos falando? Quando exigimos a presença na política precisamos também trazer um recorte de gênero, de classe, de cor. Para que esse espaço não seja concedido apenas as mulheres heterossexuais e brancas”.

Carta aos candidatos

Todas as propostas apresentadas irão compor uma carta que será encaminhada para os candidatos a governador de Sergipe

Presenças

Compareceram à audiência, os membros da Comissão, a conselheira seccional da OAB/SE, Andréa Leite, a vice-diretora da Escola Superior de Advocacia, Silvana Farias, e a diretora do Conselho Estadual de Direitos da Mulher, Érika Leite, além estudantes, professores e representantes dos deputados Ana Lúcia, Maria Mendonça e Georgeo Passos, e membros de movimentos sociais e partidos políticos.