O Presidente da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra em Sergipe, Ilzver Matos, participou na manhã desta sexta-feira, 29, de audiência pública para discutir o tema “Genocídio da População Negra nas Periferias, promovido pelo deputado Iran Barbosa, através da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe.
O ativista social, escritor, ator, coordenador da Campanha ‘Reaja ou Será Morto’ e militante da questão racial no estado da Bahia, Hamilton Borges dos Santos, conduziu o debate e afirmou que a elevação dos homicídios contra mulheres e homens negros moradores das periferias das cidades é um fenômeno que assumiu contornos de uma profunda tragédia social e por isso a sociedade precisa debater o problema.
Segundo Ilzver o palestrante falou dos dados que comprovam a maior vulnerabilidade da população negra, dos casos de violência estatal letal, da necessidade de uma nova política de drogas que não criminalize a população negra periférica. “ O Hamilton tratou das ações da sua organização social, provocou os presentes a pensar sobre os privilégios brancos e sobre como eles interferem no gozo de direitos da população negra. Na nossa fala apontamos que nesse processo de genocídio da população negra, o sistema de justiça se comporta como meio para alcançar tal fim. Desde a porta de entrada no sistema, as delegacias, passando pelo ministério público, defensoria pública, OAB, até chegar no judiciário, são construídas estratégias que, para garantir os privilégios brancos, como num pacto narcísico branco, como diz Maria Aparecida Bento, sacrificam as liberdades e as vidas negras, em nome da manutenção do poder branco e da sua garantia de paz.”
Para Ilzver esse cenário fica evidente quando se verifica o déficit de ações de fiscalização e cobrança administrava e judicial dessas instituições por políticas públicas que garantam a essa população melhores condições de existência e consideração. “ Foi muito importante estar presente na Audiência para trazer para a presidência da OAB essas demandas que lá foram apresentadas, para que, dentro das suas competências constitucionais e institucionais, a Ordem possa contribuir para a virada desse quadro de invisibilidade do debate sobre o racismo em Sergipe, suas consequências e mecanismos de superação”.