Em roda de conversa, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe – OAB/SE, reforçou nesta quarta-feira, 26, o debate sobre o câncer de mama. A ação, promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe – CAASE, reafirma a luta das entidades em favor da saúde da mulher.
Na abertura do evento, a presidente da Comissão, Adélia Moreira Pessoa, ratificou a missão da equipe de lutar incansavelmente pela dignidade da pessoa humana e asseverou a necessidade de enxergar o outro e pensar na coletividade. “O grande mote da nossa Comissão é o olhar para o outro. É vital que todos tenham isso em mente para que a dignidade seja respeitada”.
No debate, o mastologista, José Valdercides Amaral, afirmou que “o desconhecimento das mulheres sobre o seu corpo, a falta de informações sobre o câncer e o medo de descobrir a doença, aliados à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e à falta de humanização e a deficiência na capacitação dos técnicos, constroem uma realidade bastante preocupante”.
Para ele, dois componentes da detecção precoce são essenciais para melhorar a mortalidade por câncer: a educação, que ajuda as pessoas a reconhecerem os sinais precoces da doença e estimula a busca pelo atendimento médico imediato; e o programa de triagem, que identifica o câncer precoce ou o pré-câncer antes mesmo que os sinais da doença sejam reconhecíveis.
Em sua fala, Amaral colocou em discussão também as causas do aumento da incidência do câncer de mama; as causas da precariedade do tratamento; o diagnóstico; e os fatores de risco. Segundo o mastologista, “o câncer de mama é um problema de saúde pública, de alta incidência e mortalidade, de possibilidade de controle e de razoável viabilidade econômica”.
Em seguida, a ginecologista, Ildete Soares Caldas, colocou em debate a prevenção do colo uterino, que, na maioria das vezes, é provocado pelo vírus HPV, transmitido durante as relações sexuais sem proteção. De acordo com a ginecologista, as vacinas bivalente (Cevarix) e quadrivalente (Gardazil) podem proteger as mulheres contra as infecções pelo vírus.
“Eu costumo dizer que o ovário é a fábrica hormonal das mulheres, é dele que vem todo o porte feminino da mulher. E o colo uterino acompanha essa comunicação do hormônio pelo ovário. O câncer de colo é uma doença silenciosa, mas que pode ser prevenida, através de exames como a colposcopia. Nós precisamos fazer a prevenção”, defendeu a ginecologista.
Na ocasião, o endocrinologista, Carlos Alberto Menezes, abordou a terapia de reposição hormonal como um fator de imenso risco para o aparecimento do câncer de mama. Para ele, a terapia é contraindicada quando a pessoa tem útero e ovário e possui o histórico familiar da doença positivo. “Caso contrário, o risco do surgimento do câncer de mama é muito baixo”.
Além disso, Carlos afirmou que existem fatores intrínsecos e extrínsecos para o aparecimento da doença. Segundo o endocrinologista, os fatores intrínsecos são a hereditariedade e a presença dos genes BRCA1 e BRCA2, propensos ao aparecimento do câncer de mama; e os extrínsecos, que podem ser modificados, são a obesidade, o sedentarismo e o uso de álcool.
Em seguida, o radioterapeuta, André Cavalcanti Gentil, esclareceu sobre a radioterapia e falou sobre as dificuldades do tratamento em Sergipe. De acordo com ele, a radioterapia é um tratamento complementar, capaz de controlar a doença. “Ela é tão importante, que, se não existisse, as pacientes de câncer de mama precisariam passar mais tempo em tratamento”.
Na ocasião, Conceição Oliveira Santos, que está há 6 anos em tratamento contra o câncer, reafirmou a importância do conhecimento sobre a doença. Aos 26 anos, ela foi diagnosticada, quando o câncer já estava em estado avançado. “No início, me diziam que era febre reumática, mas eu sentia algo diferente quando dava mama aos meus filhos. Na época, eu não sabia nada sobre o câncer de mama e quando fui diagnosticada, já não levantava mais da cama”, contou.
Para a presidente da CAA/SE, Ana Lúcia Aguiar, a roda de conversa foi fundamental, tendo em vista que a promoção do debate sobre a doença faz com que a sociedade fique alerta contra o câncer. “A CAASE se sente muito honrada por realizar, em parceria, essa roda. Isso faz com que a gente reflita e desperte em nós o cuidado do viver, que é o que nós temos de mais precioso”.