Palestras e expressões artísticas marcaram a Roda Cultural realizada nesta segunda-feira, 05, pela Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, para celebrar o Dia Nacional da Cultura e o aniversário do jurista e escritor, Rui Barbosa.
Idealizado pela Comissão de Promoção Cultural da OAB/SE, o evento abordou a vida de Rui Barbosa, patrono da Advocacia, as memórias do folclore sergipano e a relação entre a cultura e o direito na construção de uma identidade.
Presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, participou da abertura do encontro e enfatizou a relevância da Comissão, que classificou como inovadora por se empenhar no trabalho de valorização da cultura no Estado.
“Nós, advogados e advogadas, reconhecemos a importância da formação educacional e cultural para evolução da humanidade, o fortalecimento da cidadania e a consolidação da democracia em nosso país. Porque a verdadeira liberdade está no conhecimento e esse se dá através do acesso à educação da qualidade e a inclusão social”, asseverou Henri Clay.
“O objetivo da nossa comissão é incluir a advocacia nas discussões culturais, porque temos muitos advogados e advogadas que são amantes da cultura e da arte”, frisou a presidente da Comissão, Maria Eugênia Nascimento.
Rui Barbosa
Iniciando a roda cultural, a especialista em Educação e Direitos Humanos, Josevanda Mendonça Franco, fez um breve relato sobre a vida do advogado, político, escritor e diplomata, Rui Barbosa (1849-1923), com ênfase em sua atuação profissional.
Segundo a Josevanda, o intelectual permanece sendo uma figura extremamente atual. “Rui Barbosa teve um papel fundamental na transição do período imperial para o republicano e instituiu linhas de processos jurídicos e jornalísticos, pautados na ética e no respeito aos direitos individuais, que ainda são aplicados”.
Citando a atuação de Rui Barbosa como o “Águia de Haia”, quando representou o Brasil na II Conferência de Paz de Haia, realizada na Rússia em 1907, e defendeu o princípio da igualdade jurídica das nações soberanas.
“Falar de Rui Barbosa no momento ímpar que vivemos é muito significativo, porque às vezes parece que o brasileiro não se reconhece, não conhece os grandes nomes que ajudaram a construir a história do país. E Rui Barbosa é um deles, uma pessoas que enxergou na prática jurídica a condição de buscar a igualdade e o respeito.
Folclore Sergipano
Na sequência, a professora, escritora e folclorista, Aglaé D’Avila Fontes, resgatou memórias do folclore sergipano, ressaltando a necessidade de preservar o patrimônio imaterial. “Me preocupo porque vivemos uma época em que tudo se compra pronto, mas não podemos comprar palavras”.
“Diferente do que a maioria das pessoas imagina, o folclore não está só nas danças e folguedos, mas nas expressões que compõem a cultura imaterial sergipana. Os saberes e fazeres, que são a linguagem, incluindo até mesmo os xingamentos, crenças, mitos e costumes que permeiam nossa memória e muitas vezes estão inseridos em nosso dia a dia”, considerou Algaé.
Em sua fala, a professora lamentou que as escolas prefiram explorar outras culturas e não estimulem a valorizam os bens imateriais de Sergipe, a exemplo do reisado, do samba de coco e da dança de São Gonçalo. “Infelizmente, o sergipano não olha para sua própria cultura. Em outros lugares a nossa riqueza seria motivo de orgulho e de estudo”.
Cultura, Direito e Identidade
Encerrando as explanações do evento, o doutor em Sociologia e mestre em Antropologia Social, Wellington de Jesus Bomfim, dissertou sobre a relação entre a cultura e o direito no processo de construção de identidade.
“Existe uma interdependência entre a cultura e o direito. Há uma aproximação entre essas áreas que encontram nas relações socais o seu lugar, mas que ao mesmo tempo um antagonismo que se estabelece através da natureza específica de cada uma. Enquanto na primeira a intervenção do homem e os seus atos são irrestritos, na segunda a ação humana é limitada”, pontuou Wellington.
Tratando sobre a construção da identidade, o antropólogo falou sobre a interação entre o homem e o meio, destacando que “Sergipe não demonstra ser um Estado onde a memória tem importância e diante desta realidade o sergipano adere ao que vem de fora”.
Após as exposição dos temas, o grupo de teatro ” Os improvisadores” se apresentou para o público.