Uma noite para discutir a importância de iniciativas de combate ao racismo estrutural na sociedade e a necessidade da construção de políticas públicas direcionadas à população negra. Esse foi o foco do workshop ‘Novembro Negro: Existir, Ocupar, Resistir e Inspirar’, promovido pelas comissões da Verdade Sobre a Escravidão Negra em Sergipe e de Igualdade Racial da OAB/SE, nesta terça-feira, 22, na Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (CAASE), como uma ação da Ordem em alusão ao Mês da Consciência Negra.
Os princípios da consciência negra no Brasil e no mundo movem a fé e a vontade de vencer, de consolidar suas estruturas na cultura, na política, na esfera administrativa, nas instituições, e, como não poderia ser diferente, na OAB/SE. Os valores que impulsionam esses ideais, e que fortalecem diariamente a luta em prol da população preta, estiveram no centro do debate do workshop, fazendo os participantes refletirem de forma profunda a necessidade de integrar esse processo.
A ‘Violência de Gênero e as Lutas das Pessoas Pretas da Comunidade LGBTQIAPN+’, com a presidente do Conselho LGBT do Estado de Sergipe, Adriana Lohanna dos Santos; ‘Ocupação dos Espaços Políticos e a Necessidade da Criação de Políticas Públicas Direcionadas’, com a jornalista Wanessa Fortes; e a ‘Violência de Raça e Gênero – Sexualização da Mulher Preta’, com a advogada Valdilene Oliveira Martins; foram alguns dos painéis de discussão do evento, que contou ainda com a apresentação do grupo ‘Um Quê de Negritude’, que promove, por meio da dança, reflexões sobre o racismo e o preconceito racial.
De acordo com o presidente da OAB/SE, Danniel Costa, ao longo dos últimos 11 meses, a Ordem, através da Comissão de Igualdade Racial, vem trabalhando incansavelmente em defesa da causa e atuando de forma exitosa no fortalecimento da consciência negra. Para Danniel, graças a este comprometimento, hoje já é possível dizer que o processo de conscientização é uma realidade na sociedade sergipana.
“Integrar para existir e ocupar. Fortalecer para resistir com resiliência. Conectar para inspirar nossos filhos a serem melhor do que somos. Hoje reafirmamos o nosso compromisso com a advocacia preta, onde iniciamos essa trajetória com a promessa de que as pautas sociais da OAB/SE estariam num lugar de destaque. O evento que promovemos é uma importante contribuição para a valorização da luta na reparação histórica que o nosso país deve ao povo preto. Vamos mudar a história. Vamos escrever coletivamente o livro do futuro, com dias melhores para o mundo em que vivemos e que viveremos”, pontuou Danniel Costa.
O presidente da Comissão de Igualdade Racial, César Zuzart, ratificou o compromisso da OAB Sergipe para a construção de uma sociedade livre do racismo, e garantiu que a instituição vem buscando fortalecer a construção de um movimento antirracista de forma a combater, veementemente, o racismo estrutural e institucional no país.
“O maior desafio do combate ao racismo é a conscientização social, conseguir tocar as pessoas nesse entendimento antirracista, porque enquanto nós não conseguirmos reconhecer que o racismo ainda persiste em existir em nosso país, nós não vamos progredir para uma sociedade verdadeiramente igualitária. Esse workshop surge como uma forma de reflexão social extremamente importante para o povo preto, em um mês onde lembramos da luta e resistência de um dos mártires contra a escravidão, Zumbi dos Palmares. A OAB consegue, por meio dessa iniciativa, englobar a questão da cultura afro e o resgate ao movimento antirracista”, colocou Zuzart.
Resistência
Apesar da luta contra o racismo ter se intensificado nas últimas décadas, lamentavelmente, ele se consolidou como um processo histórico que modela a sociedade até hoje, podendo ser percebido, por exemplo, na limitação do acesso dos negros a posições de poder, na política e no mercado de trabalho. O assunto foi abordado no painel ‘Racismo Estrutural e a Importância da Ocupação dos Espaços de Destaques e Poder’, com a professora Drª Robéria Silva, que discutiu a importância das pessoas pretas assumirem o protagonismo de suas vidas e ocuparem os espaços de destaque em todas as áreas da sociedade.
“É uma reparação que precisa ser feita. Uma dívida que o país tem com a população preta. Esses lugares de destaque nos foram retirados lá atrás, durante a formação da nossa sociedade, e ocupá-los é um direito e um dever nosso. Porque temos capacidade de estar em qualquer lugar que quisermos estar, e a cor da nossa pele não deve ser um fator de limitação para isso. Então, é importante que a gente reconheça o nosso espaço enquanto pessoas pretas e que sejamos protagonistas das nossas histórias”, afirmou a conselheira seccional da OAB/SE, Anna Manuelly Nascimento.
A conselheira lembrou que a OAB/SE é guardiã na defesa dos direitos das pessoas, dos Direitos Humanos, e da dignidade da pessoa humana, chamando atenção para os espaços que a Ordem abre para o debate da construção de uma nova estrutura social.
“A OAB/SE, como uma instituição de representatividade que defende os direitos da população, abre esses debates e traz para dentro de sua casa pessoas do movimento negro, do religioso negro e de todos os temas que carregam a comunidade preta, um sinal de que estamos de fato evoluindo nessa luta de enfrentamento ao racismo”, concluiu.
Por Innuve Comunicação
ASCOM – OAB/SE