Uma audiência pública sobre métodos alternativos no combate à leishmaniose visceral canina (calazar) foi realizada nesta segunda-feira, 14, e contou com a presença de representantes da Comissão de Defesa dos Direitos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe.
A leishmaniose é uma doença parasitária transmitida pela picada de um mosquito infectado. “É uma doença que no ambiente urbano tem como principal reservatório parasitário o cão, mas outras espécies podem ser atingidas”, explica a presidente da Comissão, Danielle Ferreira.
Idealizada pela deputada, Kitty Lima, a audiência contou com a palestra do médico veterinário e especialista em doenças tropicais e saúde internacional, André Luis Soares, que abordou os principais motes relacionados à leishmaniose, como a origem, a proliferação e o combate.
O especialista explicou que a doença é cíclica e se prolifera no período quente. Segundo André, o resfriamento climático permite o controle da doença e as políticas de castração são vitais e a responsabilidade, no que tange à tutela animal, é da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
De acordo com ele, 400 mil casos de leishmaniose são registrados ao ano no mundo. No Brasil, há 500 óbitos ao ano devido à doença. “Em relação à leishmaniose tegumentar, o índice é de 1 a 1,5 milhões de casos/ano no mundo e 28.568 caso/ano registrados de 1985 a 2005”, disse.
André esclareceu que calazar é um problema de saúde pública, mas é historicamente um tema mal abordado no Brasil. “Suas políticas são datadas da década de 60, além de ser uma doença sexualmente transmissível. O enfrentamento da leishmaniose evoluiu. Hoje é possível tratar”.
Segundo ele, existe vacina para leishmaniose não só para animais, mas também para seres humanos. “Mas por uma questão de economia resolveram fazer primeiramente o tratamento em animais. Segundo ele, futuramente as vacinas irão passar para seres humanos”, contou.
Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB/SE, Danielle Ferreira, a discussão foi muito proveitosa. “Tivemos a oportunidade de conhecer medidas preventivas acessíveis, como uso de inseticidas e óleos, além de saneamento ambiental”.
”Pudemos conhecer também tratamentos alternativos à base de novos medicamentos que já existem no mercado. Atualmente, o único medicamento para realizar tratamento da LVC é o Milteforan e o custo não é tão acessível”, afirmou Danielle.
Na ocasião, a presidente da Comissão ressaltou a importância da audiência, tendo em vista que é alto o índice de leishmaniose no Brasil o insere em um problema de saúde pública. “Uma demanda dessa natureza deve ser discutida sob a ótica da necessidade de políticas públicas”.
Danielle destacou ainda a importância da aprovação do Projeto de Lei nº 1738/2011, que prevê a vacina anual, obrigatória e gratuita no combate à leishmaniose. Em sua fala, também lamentou o fato de a eutanásia ser vista como o meio mais viável de solucionar o problema.
“Priorizar esse método é não permitir que o animal diagnosticado com a doença tenha chance de ser submetido a um tratamento digno e ético”, disse. Também estiveram presentes no evento, as integrantes da Comissão, Daniele Gomes, Letícia Barbosa e Luana Almeida.
Sobre a doença
A Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários parasitários do gênero Leishmania transmitidos pela picada de insetos da subfamília dos flebotomíneos. Existem dois tipos principais: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calaza.
Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior freqüência nas partes descobertas do corpo. Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida brava”. A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose acomete essencialmente crianças de até dez anos; após esta idade se torna menos frequente. É uma doença de evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um ano.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais de saúde. Sua detecção e tratamento precoce devem ser prioritários, pois ela pode levar à morte.