Ratificando o compromisso com a preservação do patrimônio histórico e cultural do Estado, a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, participou na última sexta-feira, 17, de mais uma edição da Semana Nacional de Museus. A Ordem – sede do Memorial da Advocacia Sergipana – promoveu palestras sob o tema “Museus como Núcleos Culturais: o Futuro das Tradições”.
As explanações foram ministradas pelos professores Miriam Coutinho de Farias Alves, Eduardo Lima de Matos e Júlio César de Sá da Rocha. Os especialistas guiaram suas palestras nas linhas da literatura, direito e educação. As instituições de cultura de todo país ofereceram ao público 3.222 atividades nesta edição que começou no dia 13 de maio e terminou neste domingo, 19.
Compromisso chancelado
Ao realizar a abertura do ciclo de explanações, o presidente da OAB/SE, Inácio Krauss, e a curadora do patrimônio histórico da Ordem, Manuella Vergne, relembraram ações frequentes que demonstram o compromisso da entidade com a preservação do patrimônio histórico e cultural de Sergipe e com o incentivo à democratização e visitação aos museus do Estado.
Inácio ponderou que, além do Memorial da Advocacia (criado pela OAB/SE e localizado na instituição), a sede da Ordem é uma das consolidações desse compromisso. “Nossa casa completou 1 século este ano. Aos 85 anos da entidade, em 2020, ela será restaurada. A preservação da cultura e história de Sergipe é uma missão que está sendo efetivada”, disse.
A curadora do patrimônio histórico e conselheira seccional da OAB/SE, Manuella Vergne, avaliou que o evento demonstra o papel social da entidade, que perpassa pelo fomento do viés cultural. “É importante estamos imbuídos no propósito de preservar a memória dos cidadãos sergipanos e brasileiros. A missão social da OAB decorre também disso”, afirmou.
Abordagens
Em sua palestra, a professora, Miriam Coutinho de Farias Alves, abordou a relação entre o direito e a literatura, através de uma discussão geral sobre os núcleos culturais. Miriam desenvolveu a perspectiva do jurista como leitor crítico, que se dedica a pensar a sociedade junto com ela. “Trata-se de delinear algumas dimensões da cultura vista a partir da literatura”.
“Falo sobre a estética literária, por exemplo. Cito a forma como o direito constitucional pode fazer uma ponte com a hermenêutica literária. Existem muitos juristas que trabalham Direito Constitucional e poesia. Falo justamente sobre o que há dentro dessa perspectiva e todos nós devemos participar desse diálogo e compreensão – a advocacia e a sociedade juntas”, disse.
Em seguida, o professor, Júlio César de Sá da Rocha, ministrou palestra sob o viés da educação. Propondo uma reflexão sobre o lugar de fala, Júlio afirmou que o conceito pode auxiliar as pessoas a compreenderam como os indivíduos falam, marcando ou reproduzindo as relações de poder. O especialista abordou a perspectiva de Djamila Ribeiro, filósofa e pesquisadora.
Segundo Júlio, ela afirma que o lugar ou posição de fala não se refere necessariamente a indivíduos dizendo algo. “É um conceito que parte da perspectiva de que visões de mundo se apresentam desigualmente posicionadas. Explica a autora: ‘não estamos falando de indivíduos necessariamente, mas das condições sociais que permitem ou não que esses grupos acessem lugares de cidadania’”.
Encerrando o ciclo de palestras, o professor, Eduardo Lima de Matos, fez uma análise crítica sobre a implementação da legislação que protege a cultura. Sob a linha do Direito, falou sobre os núcleos culturais, a Constituição Federal e as leis infraconstitucionais que visam proteger o patrimônio cultural brasileiro. Eduardo afirmou que o resguardo à cultura é imprescindível.
“Nós precisamos despertar na sociedade que, além de preservar a história, a vida e a caminhada da civilização, a cultura gera emprego, renda e torna a cidade muito mais interativa e protegida. O Brasil investe muito pouco nessa questão. Tem um patrimônio cultural fabuloso e o despreza. É um momento de refletir e fustigar os governantes para a questão cultural”.