Por Rose Morais | Advogada, secretária-geral do CF/OAB

Os desafios da advocacia contemporânea não são poucos. A tecnologia tem moldado o mundo e a nossa profissão de maneiras impensáveis há algumas décadas. Inteligência artificial, automação de processos e acesso digital à Justiça impõem a necessidade de renovação. Não podemos permitir que o avanço tecnológico desvalorize o trabalho da advocacia, mas sim que se torne um aliado, aumentando nossa eficiência e ampliando o acesso à Justiça.

Como classe, precisamos nos preparar para essa nova realidade, garantindo que as inovações sirvam à advocacia, e não que a substituam. Ter assumido dias atrás a missão de gerir a Secretaria-Geral do Conselho Federal da OAB, em Brasília, não é apenas uma honra pessoal, mas um compromisso com os valores que nos trouxeram até aqui: democracia, representatividade e defesa intransigente da advocacia. Essa trajetória não é solitária, mas fruto do esforço de muitas mulheres e advogados que, com coragem e determinação, romperam barreiras e abriram portas.

A história da advocacia feminina no Brasil tem um nome fundamental: Myrthes Gomes de Campos. Primeira mulher a advogar no país, enfrentou desafios que ainda reverberam. No final do século XIX, ousou quebrar paradigmas e mostrou que a advocacia não era – e nunca deveria ter sido – um espaço restrito aos homens. Seu legado inspira nossas conquistas, mas também nos lembra que a equidade de gênero na advocacia ainda é um desafio.

Como nordestina, mulher e advogada, superei muitos desafios pessoais e profissionais para estar aqui hoje. Cada obstáculo vencido reforçou meu compromisso de abrir espaços para que outras mulheres possam ocupar postos de liderança na advocacia. Uma OAB forte é aquela que agrega, que cria um ambiente propício ao crescimento. Precisamos garantir que todos na advocacia, independentemente de sua origem, gênero ou circunstâncias, tenham as mesmas oportunidades.

Para além da adaptação tecnológica, as mulheres ainda enfrentam desafios adicionais: remuneração desigual, dificuldade de ascensão e a necessidade de equilibrar múltiplas responsabilidades. Nossa missão é transformar essa realidade com políticas eficazes de inclusão, fortalecendo redes de apoio, assegurando representatividade e incentivando a participação ativa das advogadas em todos os âmbitos da profissão.

O compromisso da gestão do presidente Beto Simonetti é com a transparência, o diálogo e o avanço contínuo da advocacia brasileira. A OAB deve ser um espaço de construção coletiva, onde advogados e advogadas possam contribuir ativamente. Convido os colegas a participarem dessa gestão, apresentando sugestões e levantando debates para que, juntos, possamos construir uma advocacia mais forte.

Agradeço ao presidente da OAB/SE, Danniel Alves Costa, cuja confiança foi essencial para que eu chegasse até aqui. Sua liderança tem sido um farol para a advocacia sergipana, e espero honrar essa responsabilidade com dedicação e resultados concretos. Por fim, deixo meu agradecimento ao ex-presidente da OAB/SE, Carlos Augusto Monteiro, amigo de tantas jornadas, que nunca soltou minha mão.

Seguiremos juntos, fortalecendo a classe e a OAB, construindo pontes, alinhavando diálogos institucionais promissores e transformando desafios em conquistas. Esta é a advocacia do futuro que queremos: conectada, forte e sempre comprometida com cada um dos seus integrantes.