Mulheres advogadas: avanços, novas conquistas e desafios


Por Edênia Mendonça | Vice-presidente da OAB/SE

A advocacia brasileira é, hoje, majoritariamente feminina. Segundo os dados mais recentes do Conselho Federal da OAB, 50,8% da classe é composta por mulheres, um número que reflete a crescente presença feminina nas carreiras jurídicas. No entanto, essa estatística, por si só, não significa que conseguimos alcançar a igualdade de condições. A equidade de gênero na advocacia ainda enfrenta desafios diários e estruturais. A luta por valorização, respeito e oportunidades é constante, e somente com a união entre homens e mulheres poderemos avançar na promoção de uma advocacia mais forte, e justa para todos.

Sinto imenso orgulho das colegas advogadas que, com garra e determinação diuturna, ocupam cada vez mais espaços de protagonismo e liderança na profissão. Nos últimos anos, o número de mulheres promovidas a sócias de capital em escritórios pelo Brasil superou o de homens, um dado que evidencia uma mudança estrutural e evolutiva importante. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer. A desigualdade salarial por gênero no país é uma realidade que também se reflete no Direito. Advogadas, com o mesmo grau de qualificação e experiência, recebem remuneração menor do que seus colegas homens. Isso sem falar nos desafios adicionais que enfrentamos no cotidiano e ao longo da carreira.

Além da questão salarial, há um outro desafio crítico: o preconceito contra a mulher advogada em algumas áreas do Direito, como na advocacia criminal e eleitoral. Muitas advogadas que atuam nesses ramos relatam que ainda hoje enfrentam resistência e desconfiança, tanto de colegas quanto de autoridades e clientes. Na advocacia criminal, por exemplo, há relatos de clientes que as olham com preconceito, questionando sua competência simplesmente pelo fato de serem mulheres. Nos ambientes carcerários, muitas vezes, não há o devido respeito às profissionais, o que demonstra um problema estrutural que precisa ser combatido com firmeza. A capacidade, o conhecimento técnico, a força e a determinação das mulheres na advocacia são inquestionáveis. Nenhuma advogada deve ter sua competência posta à prova por um viés exclusivamente de gênero. O reconhecimento profissional precisa ser baseado no mérito, e não em estereótipos ou preconceitos enraizados.

Na OAB/SE, temos trabalhado ativamente para promover a igualdade de gênero e combater o preconceito. Defendemos diuturnamente as prerrogativas das advogadas, assegurando que possam exercer sua profissão com dignidade e respeito. Criamos programas para incentivar a participação e o desenvolvimento feminino nas carreiras jurídicas, promovemos uma cultura que valoriza a liderança da mulher e seguimos combatendo práticas discriminatórias e preconceitos estruturais. Como diz o presidente Danniel Alves Costa, “o exemplo que seguimos em família deve ser também o exemplo na vida profissional”. Ou seja, se queremos uma sociedade mais igualitária, precisamos começar a agir dentro de nossa própria classe. É fundamental que atuemos ativa, pedagógica e didaticamente para alterarmos esse quadro.

O mês de março, portanto, não deve ser apenas uma data comemorativa, mas um marco para reiterarmos o exercício dessas lutas, avaliarmos os avanços e celebrarmos as conquistas das mulheres. Mais do que homenagens e mensagens de incentivo, é preciso compromisso real com a igualdade de oportunidades e com a construção de uma advocacia mais inclusiva e solidária. Apenas uma sociedade mais justa e igualitária permitirá que avancemos rumo a um Brasil mais humanista. Essa luta, aliás, não se restringe à mulher advogada, mas a todas as mulheres que diariamente reivindicam seus direitos e buscam seu espaço de vez e voz. Essa é uma pauta que deve ser inegociável para a OAB.

Foi com esse propósito, aliás, que na última quinta-feira, 13 de março, a Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (CAASE) promoveu um evento especial em celebração ao Dia da Mulher Advogada. Um momento de reconhecimento, valorização e bem-estar, pensado para oferecer não apenas a confraternização entre colegas, mas também ações que reforçam o cuidado com a saúde, a qualidade de vida e o aprimoramento profissional das advogadas. Durante o evento, foram disponibilizados serviços de limpeza de pele, aferição de pressão e glicemia, além de brindes e sorteios, incluindo uma cadeira executiva. Além dessas atividades, houve uma palestra sobre gestão financeira voltada para mulheres advogadas, reforçando a visão da atual gestão de que o aprimoramento técnico e a qualificação são essenciais para que possamos gerir melhor as atividades profissionais e os escritórios. Mais do que um evento, foi um ato simbólico de respeito e compromisso com as advogadas sergipanas.

Colegas da advocacia, faço aqui um chamamento urgente pela inclusão, paridade de gênero e pela igualdade racial. Temos nós, advogadas e advogados, um papel central na construção de uma sociedade mais humana, justa e solidária, e essa construção passa, inevitavelmente, pelo reconhecimento das mulheres como parceiras fundamentais. Mais do que um direito, a igualdade é uma necessidade. É tempo de agir, de romper barreiras e de avançarmos, todos juntos, rumo a um futuro mais igualitário.

Às minhas colegas advogadas, minha admiração, compromisso e luta.

Viva as Mulheres Advogadas!

Deixe um comentário